Ladies and Gent´s
Numa colaboração com o Vitor Soares, motociclista de longa data que aos comandos da sua Yamaha FJR em conjunto com outros companheiros leva-nos ao Nordeste Transmontano, dando assim a conhecer o interior de Portugal.
Um percurso com paisagens incriveis, onde os sentidos se perdem na beleza das serras e nos calmos vales onde o som da agua que corre nos rios se mistura com o som dos motores das motos em perfeita sintonia.
Estradas de encantar para qualquer motociclista, onde nos perdemos no tempo e os ponteiros do relogio são esquecidos.
Com saida do Porto, cidade nortenha onde desagua o Rio Douro eis o percurso ...
Serra de Bornes / Ponte de Remondes / Castelo Penas Roias
Miradouro Puio / S. João das Arribas / Algoso / Vale
Frechoso.
Esta passeata começou a ser preparada com o intuito de uma viagem à descoberta de recantos mais desconhecidos deste nosso Portugal…
Como sempre a saída foi programada com depósito atestado e muita vontade de rolar...
Pegando na bússola e
como o título indica… seguimos para Trás-os-Montes, e como bem manda a tradição
“para lá do Marão, mandam os que lá estão.."
1ºPassagem Serra de Bornes e Senhora das Neves –
Passagem por “Caladunum”…
O antigo nome da actual cidade de Mirandela.
E paragem para café matinal junto da Ponte Medieval de Mirandela.
Um parêntesis sobre o Rio Tua que nos deu as boas-vindas,
sendo ele próprio um recém-chegado a esta cidade como nós, pois é o resultado da
junção do rio Tuela e do rio Rabaçal que ocorre a 4 km.
Sussurou-nos alguns locais onde as curvas do seu leito são
um esplendor, e onde temos uns miradouros inacreditáveis que encontramos ao percorrer
as M596 e N314-1, mesmo junto de Murça… e são imperdíveis, mas julguem por
vocês.
O acordar bucólico desta cidade de Mirandela e as suas lareiras
acesas indicavam que seria um bom dia para respirar os cheiros e cores da
paisagem.
A incursão pela serra de Bornes pela R206, uma elevação, cujo ponto mais elevado tem 1200 metros de altitude e 621 metros de proeminência topográfica, brindou-nos com tudo isto.
2º Passagem Ponte
de Remondes sobre o Rio Sabor –
Eis que num desvario, desviamos para a localidade de Soeima e seus carvalhais, para seguirmos pela N216 para o Rio Sabor.
Desde janeiro de 2016 que deixou de ser possível
atravessar a Ponte de Remondes, visto que ficou submersa com a subida das águas
da albufeira da barragem do Sabor, contudo, foi construída outra ponte a
montante da antiga que permite desfrutar de todo o panorama a montante e a
jusante.
Uma maravilha paisagística e umas curvas para arredondar o pneu.
3º Passagem Castelo de Penas Roias -
Antes da hora de almoço em modo de piquenique, apareceu diante de nós o Castelo de Penas Roias: Impõe-se uma consulta dos livros para entender a sua importância histórica
À época da Reconquista cristã da península, a região foi inicialmente conquistada pelo reino de Leão. Com a afirmação do reino de Portugal, diante do estabelecimento da Capital em Coimbra, tornou-se imperativa a sua defesa ativa. Para esse fim, D. Afonso Henriques (1112-1185) delegou aos cavaleiros da Ordem dos Templários o encargo de fortalecer os acessos a Sul e a Leste do rio Mondego, doando-lhes, a partir de 1145, diversos domínios como os de Mogadouro e outros, em Trás-os-Montes.
O castelo, vizinho à
povoação, foi erguido em estilo românico, tendo as suas muralhas sido reforçadas por quatro cubelos (dois facetados e dois cilíndricos).
Ao centro da praça de
armas ergue-se a torre de menagem, de planta quadrangular, em
aparelho simples de xisto quartzítico, argamassado.
A Oeste rasga-se a
única porta, a seis metros de altura, também em cantaria. No lintel, inscreve-se a cruz pátea templária e uma inscrição epigráfica, que é
traduzida como: Gualdim Pais, mestre
geral dos Templários, mandou fazer o castelo de Pena Roia, iniciando os
trabalhos a 4 das Calendas de ... era de 1204 sendo freires assistentes frei
João Francisco, fonte da datação normalmente aceite de 1166 da Era Cristã…
Apesar do ruinoso estado actual, o castelo de Penas Róias foi uma mais importantes fortalezas medievais de Trás-os-Montes e o papel que desempenhou no século XII (período de afirmação do nascente reino de Portugal perante o Islão mas também face ao seu vizinho leonês) foi fundamental na defesa desta zona raiana. Uma descoberta de um monumento carregado de história…
No fundo da aldeia de Picote, há indicação que nos leva
ao miradouro da Fraga do Puio (em mirandês Peinha de Puio), de onde se desfruta uma
excecional vista sobre dois troços profundos do Douro e onde a mão laboriosa do
homem, apesar das agruras da natureza, consegue ainda repovoar de
oliveiras. É uma paisagem grandiosa, desenhada pelo rio há dois milhões de
anos.
Durante o verão de 2017, um incêndio florestal, destruiu
este local de observação panorâmica sobre o Douro Internacional que entretanto
foi reabilitado no sentido de oferecer todas as condições para os momentos de
contemplação.
A intervenção efectuada concentrou-se na reabilitação,
acrescentando a plataforma em vidro, suspensa a uns bons metros de altitude,
que lhe confere profundidade e transparência e permite ao utilizador uma visão
ainda mais próxima do rio.
5º Passagem Miranda do Douro -
Surge no planalto mirandês a sua cidade originária : Miranda do Douro (em mirandês Miranda de l Douro) é uma cidade portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, na chamada Terra de Miranda.
Nesta região, além do português, fala-se o mirandês, segunda língua oficial em Portugal e que se trata de uma variante local
da antiga língua asturo-leonesa, própria do antigo Reino de Leão.
As arribas do Douro são magníficas e surgem em simbiose perfeita com o
Douro e grifos que se avistam junto das falésias.
Outra local de visita obrigatório é Concatedral de Miranda do Douro (Antiga
Sé), onde se pode admirar o Menino Jesus da Cartolinha.
(e não catedral… a designação indica que divide a sede da diocese com a
catedral de Bragança)
6º Passagem São João das Arribas –
A 8 km do ponto mais oriental de Portugal,
surge o castro de Aldeia Nova
É um povoado fortificado da Idade do Ferro, localizado na descida para o rio Douro. Deverá ter sido também utilizado durante a época romana como local de passagem, pois foram descobertas várias lápides romanas na capela de S. João, que dista 1500 metros do castro, em S. João das Arribas.
Aqui tudo é calma e paz, a imponência do
Douro a sepentear lá no fundo, com a sua banda sonora de fundo e a vista a
alcançar as arribas envolventes.
7º Passagem Castelo de Algoso
O regresso é feito em estradas do concelho de Vimioso e paragem na praia
fluvial de Uva para refrescar do calor que se fazia sentir.
À época da Reconquista cristã da Península
Ibérica, a primitiva linha de limites do condado
portucalense com o reino de Leão desenvolvia-se ao longo da margem esquerda do rio Sabor até à sua confluência com a ribeira
de Angueira. Esta raia era vigiada por quatro
sentinelas principais: o Castelo
de Milhão, o Castelo
de Santulhão (ambos já desaparecidos), o Castelo
de Outeiro de Miranda (em ruínas) e este Castelo de
Algoso. Complementavam essa defesa principal do sector nordeste transmontano os
castelos de Penas
Roias, de Mogadouro e, embora mais distante, o de Bragança.
Os estudos mais recentes indicam que a edificação da primitiva estrutura do castelo remonta a algum momento no final do reinado de D. Afonso Henriques (1112-1185), quando seu filho Sancho já exercia o poder régio. Conforme registado nas Inquirições de 1258, o seu construtor foi um senhor local, Mendo Bofino (ou Mendo Rufino), que em troca recebeu o senhorio da vila de Vimioso.
8º Passagem Estrada Vale Frechoso / Vilarinho das Azenhas –
Já em final de dia, o regresso ficou marcado pela passagem por umas estradas secundárias em direcção ao Complexo Agro-Industrial do Cachão rumando paralelamente à linha do Tua e suas estações bucólicas com destino ao Porto depois de um dia bem passado.
THE END !!!
Fotos e texto: Vitor Soares
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