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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Pelos passadiços do Mondego

 
Ladies and Gent´s 

Uma aventura louca 

É verdade amigos, desta vez a Ana aproveitando as nossas férias em Portugal. 

Teve a ideia louca de visitar os passadiços do Mondego, na bela Serra da Estrela. 

Entrando por Videmonte e acabando na Barragem do Caldeirão. 

12kms com uma beleza como só a Serra da Estrela pode proporcionar. 

E o ponto de partida foi Celorico da Beira, capital do famoso queijo da Serra da Estrela. 

E pela estrada EM 616 em direcção a Vale de Azares entrando no Parque Natural da Serra da Estrela. 

Com as suas casas de pedra tipicas da Beira Alta e com uma estrada que serpentea a Serra culminando em Videmonte. 






E foi uma loucura, feita num dia em que os termometros marcavam 38graus. 

Realmente foi incrivel,  mas valeu a pena. 

Pois é um passeio que aconselhamos, embora não se esqueçam de iremcom roupa leve e com calçado confortavél. 

E levem agua, muita agua e comer. 





E já agora tambem levem o fato de banho, pois quase no final está a vossa espera a praia fluvial de Vila Soeiro. 

E guardem o numero de telemovel dos taxis, pois fazer o caminho de regresso requer muita coragem. 

Por isso mais vale voltarem de taxi. 

Já que a chegada a Barragem do Caldeirão vão ter que subir cerca de 1200 degraus. 






Uma feito não conseguimos fazer pois o calor era muito e preferimos ficar no Bar O Pina com a bela ponte de Mizarela na estrada EM 556.

É dificil captar a beleza da Serra da Estrela pois ela revela-se a cada curva e a cada momento do dia. 






No entanto muita atenção, pois é de lamentar que o parque de estacionamento seja muito precário e até um pouco perigoso para quem se desloca de moto. 

Quem gere os passadiços pensou em ter pontos de recarga para carros electricos, no entanto descurou por completo o piso, sendo em terra batida com pedras soltas. 

Assim como não existe placas indicando o local de entrada, que no caso de Videmonte fica após uma curvas fechada. 

Por isso tenham muito cuidado. 








Mas a Serra tem o seu encanto e passear nestes passadiços é viajar no tempo. 

Em que várias industrias aqui fizeram historia e estão documentados ao longo do percurso. 

E um poeta em especial se enamorou pela beleza serrana. 

Miguel Torga de seu nome captou desta forma a Serra da Estrela. 

(…) “Beira, quer já de si dizer beira da serra. Mas não contente com essa marca etimológica que lhe submete os domínios, do seu trono de majestade a esfinge de pedra exige a atenção inteira.

Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão. Mas junta-se à perturbante realidade uma certeza ainda mais viva: a de todas as verdades locais emanarem dela. Há rios na Beira? Descem da Estrela. Há queijo na Beira ? Faz-se na Estrela. Há roupa na Beira? Tece-se na Estrela. Há vento na Beira? Sopra-o a Estrela. Há energia eléctrica na Beira? Gera-se na Estrela. Tudo se cria nela, tudo mergulha as raízes no seu largo e materno seio. Ela comanda, bafeja, castiga e redime. Gelada e carrancuda, cresta o que nasce sem a sua bênção; quente e desanuviada, a vida à sua volta abrolha e floresce. O Marão separa dois mundos — o minhoto e o transmontano. O Caldeirão, no pólo oposto de Portugal, imita-o como pode. Mas a Estrela não divide: concentra.

(…)

A Estrela, essa, guarda secretamente os ímpetos, reflectindo-se ensimesmada e discreta no espelho das suas lagoas. Somente a quem a passeia, a quem a namora duma paixão presente e esforçada, abre o coração e os tesouros. Então, numa generosidade milionária, mostra tudo. As suas Penhas Douradas, refulgentes já no nome, os seus Cântaros rebeldes a qualquer aplanação, os seus vales por onde deslizaram colossos de gelo, nos brancos tempos do quaternário. Revela, sobretudo, recantos quase secretos de mulher. Fontes duma pureza original, cascatas em que a água é um arco-íris desfeito, e conchas de granito onde se pode beber a imagem. O tempo demorou-se na solidão e no silêncio das suas lombas, e pôde construir à vontade. Abrir ruas, esculpir estátuas, rasgar gargantas, e até deixar desenhado o próprio perfil na curva de raio infinito de cada recôncavo.

Perder-se por ela a cabo num dia de neve ou de sol, quando as fragas são fofas ou há flores entre o cervum, é das coisas inolvidáveis que podem acontecer a alguém. Para lá da certeza dum refúgio amplo e seguro, onde não chega a poeira da pequenez nem o ar corrompido da podridão, o peregrino esbarra a cada momento com a figuração do homem que desejaria ser, simples, livre e feliz. (…)”

Miguel Torga

 













Por isso Portugal tem muito para oferecer. 

Só precisam de ir a descoberta. 

E a moto é o melhor para descobrir os recantos deste belo jardim à beira-mar plantado. 


Boas curvas


Texto e fotos Paulo Baltazar

Fotos e planeamento Ana Tadeu