Haverá realmente argumentos para que as motos precisem de ter inspecções anuais?
Eis a pergunta que deixo no ar para todos responderem.
Segundo a ANSR (Autoridade
Nacional de Segurança Rodoviária) somente 2% dos acidentes com veículos
motorizados podem ser atribuídos a anomalias mecânicas.
No entanto não é um numero exacto, e inclui todos os veículos, dessa forma analisando o numero de veículos automóveis a circular em relação ao numero de motos poderemos pensar que provavelmente seja de 0,01% apenas as motos envolvidas em acidentes e que poderia o causador ser uma anomalia mecânica.
E mesmo assim, é um valor impreciso, muito abaixo da realidade pois existe muitos outros factores como o estado da via publica entre outros.
Por isso é muito subjectivo.
Dessa forma fomos
conhecer o pais que tem inspecções desde 1960; Inglaterra.
Actualmente,
todos os veículos com motor registados no Reino Unido são sujeitos a inspecção
anual, sem excepção de cilindradas e somente por mecânicos especializados e em
oficinas credenciadas.
No entanto existe uma percentagem pequena de centros de inspecções.
No entanto existe uma percentagem pequena de centros de inspecções.
Salienta-se que
as inspecções no Reino Unido são conhecidas pela denominação de M.O.T. Ministry
of Transport.
De uma forma mais
cabal, entrevistou-se diversos responsáveis, desde concessionários das maiores
marcas do mercado até responsáveis das forças policiais entre outros
de forma a que houve-se diferentes perspectivas e opiniões.
Um trabalho feito durante um ano, em que muitas das entrevistas foram feitas off-record, pois para muitos dos entrevistados é um assunto delicado e que muitos preferem não falar abertamente.
Eis um dos vídeos feito por um motociclista ingles sobre o MOT ou inspecção.
Saliento que tomem atenção a locução no inicio do video.
Um trabalho feito durante um ano, em que muitas das entrevistas foram feitas off-record, pois para muitos dos entrevistados é um assunto delicado e que muitos preferem não falar abertamente.
Eis um dos vídeos feito por um motociclista ingles sobre o MOT ou inspecção.
Saliento que tomem atenção a locução no inicio do video.
Ficando a sensação que em muitos casos trata-se de uma forma de trazer as motos às oficinas e assim serem uma fonte de receita garantida.
Algo que se compreende, visto que no Reino Unido o sistema de faça-voçe-mesmo é regra geral e por isso somente se recorra as oficinas quando a avaria é mais grave.
No entanto as forças de autoridade sempre que efectuam um controle a um veiculo efectuam a fiscalização do mesmo, começando pelos pneus e restantes componentes.
E em caso de duvida deslocam-se com o veiculo e o motociclista a um local de inspecção, para melhor averiguar o seu estado.
Eis uma das entrevistas no concessionário da Kawasaki em Ipswich que gentilmente acedeu a esclarecer as nossas duvidas.
Salienta-se no entanto que são autoridades, os únicos que podem dar pareceres decisivos sobre um acidente, ficando apenas as seguradoras com o papel de seguradora e assim assumir os custos se tal vier a ser culpabilizado o seu segurado, podendo o mesmo em muitos casos ter de responder perante um juiz.
Bem diferente do que se passa em Portugal, onde os seguros fazem o papel de investigador e juiz ao mesmo tempo, ai a razão porque muitas vezes existe a conclusão de 50% de culpa para ambos os condutores, ficando as seguradoras livres de encargos.
Quanto a
segurança é relativo, pois o facto de uma moto passar na inspecção não é
garantia que ao ser fiscalizada pelas autoridades não venha a ser multada.
Casos houve, em que motos saídas das inspecções foram multadas passadas uma horas por haver discrepância entre critérios de avaliação.
No entanto neste casos o mecânico/inspector que efectuou a inspecção é questionado pelas autoridades, podendo ser responsabilizado se tal vier a ser verificado que houve favorecimento ou negligencia, podendo perder a licença de inspecções e ter que responder criminalmente se pelo facto resultou um acidente de viação.
Realmente algo que faz pensar até que ponto podem ser as inspecções a melhor solução.
No entanto foram
questionados os entrevistados sobre os argumentos usados pela ANCIA “Associação
Nacional de Centros de Inspecção Automóvel “
e houve a preocupação de ser
imparcial.
Em 19/02/2019 foi enviado um email a A.N.C.I.A com as mesmas perguntas para que pudessem também responder, no entanto não houve nenhuma resposta até à data da publicação desta reportagem.
Lamenta-se que afinal não tenham respondido, se calhar porque simplesmente querem impor um sistema que sabem a partida já está condenado, mas que pouco importa à segurança rodoviária, mas será uma forma de lucro garantido para os centros de inspecção.
Eis as perguntas
que foram a base desta reportagem.
1º Havendo inspecções a
motociclos consideram que fará o numero de sinistros rodoviários decrescer e
aumentará a segurança rodoviária?
Em que estudos se baseiam?
2º Porque consideram que somente devem ter inspecções motociclos com cilindradas acima de 250cm3?
3º De que forma vão-se basear as inspecções a motociclos quanto a acessórios?
Refiro-me neste caso a malas (top-case e laterais), escapes, placas de matriculas laterais, vidros frontais de maiores dimensões e luzes de xenon entre outros e que são considerados opções, havendo vários fabricantes não sendo exclusivo das marcas de motos.
4º No caso de acidente (queda) do motociclo durante a inspecção quem é a entidade responsável e que assumirá todos os encargos?
5º Quais as habilitações dos inspectores para efectuar as referidas inspecções e qual a periodicidade em que são obrigados a ter re-actualizações sobre novos modelos lançados no mercado nacional?
Em que estudos se baseiam?
2º Porque consideram que somente devem ter inspecções motociclos com cilindradas acima de 250cm3?
3º De que forma vão-se basear as inspecções a motociclos quanto a acessórios?
Refiro-me neste caso a malas (top-case e laterais), escapes, placas de matriculas laterais, vidros frontais de maiores dimensões e luzes de xenon entre outros e que são considerados opções, havendo vários fabricantes não sendo exclusivo das marcas de motos.
4º No caso de acidente (queda) do motociclo durante a inspecção quem é a entidade responsável e que assumirá todos os encargos?
5º Quais as habilitações dos inspectores para efectuar as referidas inspecções e qual a periodicidade em que são obrigados a ter re-actualizações sobre novos modelos lançados no mercado nacional?
As respostas de
forma sintetizada.
1º A relação entre sinistros rodoviários envolvendo motociclos e inspecções é de pouca relevância, este facto foi referido por todo os questionados.
Em que o maior causador era o factor humano.
Em relação a este facto é comprovado pelos dados da ANSR e que são relativos a todos os veículos, que na globalidade circulam nas estradas - há três factores a considerar nos acidentes rodoviários, o factor humano que está presente em 96% dos acidentes, o factor exclusivamente rodoviário em 2% e o factor exclusivamente veículo em 2%. Portanto, estamos aqui perante valores da própria ANSR onde aparecem 2% dos acidentes causados por falha no veículo.
2% num ano em acidentes rodoviários sem particularizar as motos.
Afinal onde fica o fundamento da ANCIA, em que havendo inspecções iriam aumentar a segurança rodoviária?
Pelos vistos, fica por terra e que mostra que os senhores da ANCIA nem sequer sabem do que falam.
1º A relação entre sinistros rodoviários envolvendo motociclos e inspecções é de pouca relevância, este facto foi referido por todo os questionados.
Em que o maior causador era o factor humano.
Em relação a este facto é comprovado pelos dados da ANSR e que são relativos a todos os veículos, que na globalidade circulam nas estradas - há três factores a considerar nos acidentes rodoviários, o factor humano que está presente em 96% dos acidentes, o factor exclusivamente rodoviário em 2% e o factor exclusivamente veículo em 2%. Portanto, estamos aqui perante valores da própria ANSR onde aparecem 2% dos acidentes causados por falha no veículo.
2% num ano em acidentes rodoviários sem particularizar as motos.
Afinal onde fica o fundamento da ANCIA, em que havendo inspecções iriam aumentar a segurança rodoviária?
Pelos vistos, fica por terra e que mostra que os senhores da ANCIA nem sequer sabem do que falam.
2º Este fundamento lançou duvidas e estranheza em todos os entrevistados em Inglaterra.
E a resposta foi genérica.
Não faz sentido discriminar cilindradas visto todos circularem na estrada e dessa forma todos os veículos sem excepções devem ser inspeccionados, sendo até que nas cilindradas mais pequenas (abaixo de 250cm) onde existe maior índice de reprovação nas inspecções em Inglaterra na maioria devido a idade e alguma leviandade dos utilizadores.
E a resposta foi genérica.
Não faz sentido discriminar cilindradas visto todos circularem na estrada e dessa forma todos os veículos sem excepções devem ser inspeccionados, sendo até que nas cilindradas mais pequenas (abaixo de 250cm) onde existe maior índice de reprovação nas inspecções em Inglaterra na maioria devido a idade e alguma leviandade dos utilizadores.
“estão reunidas as condições para a inspecção de motociclos com cilindrada acima dos 250 cm3, uma percentagem do parque de motos "relativamente reduzida sendo estimados 80 mil veículos" de acordo com Paulo Areal.
Reportagem completa em https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/inspecao_obrigatoria_para_motas
Ora se as motos acima de 250cm3 são aquelas que apresentam melhores condições, facilitando em muito o trabalho dos inspectores, é fácil de deduzir que em boa contas de matemática.
Vão ser limpinhos e com pouco trabalho, um lucro de 80.000 X 12,50€ e que faz a bela módica quantia de 1,000,000€ .
Isto contas feitas por alto, mas que quase diria que estes senhores da ANCIA as fizeram à muito, para investirem em equipamento sem haver um decreto que regule as inspecções a motos.
Ou seja em bom portugues, já fizeram questão de meter a carrocha a frente dos burros.
Eis uma outra das reportagens efectuadas desta vez a um construtor de motociclos.
Peço desculpa devido ao som de fundo mas só foi possível fazer a entrevista durante uma das feiras de motos no Reino Unido.
E voltando as respostas.
3º Em
relação aos acessórios em motos na sua maioria as chamadas “Malas” e que
excedem as dimensões dos motociclos.
Os responsáveis ingleses entrevistados não vêem nada de anormal pelo facto que todos os acessórios são certificados pela União Europeia e inclusive verificam o seu estado em cada inspecção.
No entanto em muitos casos referiram e mencionaram o sistema alemão em que muitos destes acessórios são reprovados e excluídos tendo que passar por uma inspecção ou certificação em particular.
Algo que para os responsaveis ingleses consideram uma aberração e não fazendo qualquer sentido.
Algo que Portugal seria similar ao sistema alemão.
Ou seja, ou são acessórios da marca e certificados ou podem ser motivo de reprovação.
Facto do que se passa com os carros “tunning” e que são obrigados a passar por uma inspecção B e por isso aumentar os custos aos seus proprietários.
Isto porque uma moto aquando da sua certificação para ser lançada no mercado não vem equipada desses acessórios.
Salienta-se que todos os acessórios vendidos na União Europeia são certificados ou seja não precisam de ser da marca da moto para que não possam ser usados em segurança.
Algo que o meio motociclistico é rico, havendo inúmeras opções aos dispor dos motociclistas e que desta forma ficam condicionados.
Algo que nos faz retornar no tempo.
Afinal quem não se lembra das famosas fitas reflectoras ou do amigo que tinha um Arai ou Shoei que custava mais de 500€, mas que era multado enquanto o famoso “penico” sem segurança nenhuma mas que tinha um carimbo da DGV passava sem problemas.
Penso que qualquer motociclista irá olhar para a sua paixão é repensar sobre os acessórios que montou e lhe custaram uma fortuna.
4º Esta é uma pergunta que gostaria de ver respondida pela ANCIA.
Em Inglaterra é da responsabilidade do inspector e em muitos casos o motociclista está presente durante todo o processo de inspecção.
Dessa forma tornando o processo transparente e por outro limitando os riscos.
Existe casos em que existe um sistema de cctv em que o motociclista pode estar a beber o seu café ou chá e ver a inspecção ao mesmo tempo.
Foto tirada num concessionário Harley-Davidson
Mais um video sobre como é feito as inspecções no Reino Unido
5º Esta foi uma questão levantada, pois as motos actualmente tem inúmeras inovações e de ano para ano existe diferenças.
No caso de Inglaterra, sendo as inspecções feitas na maioria em oficinas de concessionários ou por mecânicos especializados, existe uma regularidade de actualizações, em que esses tecnicos são obrigados pelas próprias marcas, estando actualizados com todas as novidades.
Inclusive no caso ingles, o sistema informático de inspecções a que os mecânicos acedem aquando do inicio de uma inspecção a um veiculo, aparece com informações para analise e detalhes sobre o veiculo que esta a ser inspeccionado.
Algo que é actualizado com alguma regularidade.
No
caso português, são imensos os casos em que isso não acontece, e refiro-me aos
carros.
Havendo inclusive casos de carros antigos e outros danificados em inspecções, devido ao desconhecimento dos inspectores.
Afinal existe aquela regra algo portuguesa, que tendo conhecimento sobre um carro já se sabe tudo sobre todos os outros veículos.
No entanto as motos nem todas são iguais, e não se pode pedir que uma moto de 1990 que apresente os mesmos resultados que uma de 2019, pois tal como os carros houve uma evolução.
Algo que realmente tenho duvidas que a maioria dos inspectores dos centros de inspecção em Portugal tenham o mesmo conhecimento técnicos em comparação a um mecânico de uma marca.
Pois é algo que apenas oficinas especializadas e mecânicos conhecem, pois as marcas a muito que apostam numa reciclagem continua dos seus mecânicos de forma a responder a um cliente cada vez
mais exigente.
No entanto a questão essencial é a segurança, e essa fica longe da realidade, quando somente a própria Comunidade Europeia já se referiu a este assunto, através de um estudo que menos de 3% dos acidentes com motos são causados por falhas mecânicas, e que por isso não se justifica a relação custo / benefícios da implementação das inspecções.
Mas tanto a ANCIA como o Senhor Ministro Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna pelos vistos não conseguem vislumbrar.
https://observador.pt/2018/04/24/ministro-da-administracao-interna-diz-que-inspecoes-as-motos-podem-entrar-em-vigor-ate-2021/
Facto que pode ser comprovado em muitas estradas nacionais e auto-estradas.
Já o facto de o governo continuar a manter as portagens para os motociclos ao mesmo nível dos automóveis, faz que muitos prefiram usar as estradas nacionais, onde o risco é maior.
Pois na grande maioria dos acidentes envolvendo motos não foi a velocidade o causador, mas sim, a distracção do automobilista levada muitas vezes pelo uso de meios de comunicação os vulgar telemóveis ou meios de orientação os vulgar GPS, entre outras inovações que actualmente os carros trazem no seu enorme leque de opções..
E claro, uma enorme falta de respeito que vem desde as escolas de condução onde o ensino é deficiente e na maioria das vezes apenas para passar no exame.
Algo que em breve irei ter uma reportagem sobre o ensino, um assunto que no Reino Unido é levado bastante a sério.
De certeza que os
motociclistas não estão contra medidas que possam aumentar a segurança na
estrada, mas vão sempre estar contra medidas de um lobby oportunista e que usa
a segurança apenas como palavra de dicionário, esquecendo que cabe ao estado
legislar para o bem e segurança de todos os cidadãos.
Lobby, que às vezes
aparece nas noticias pelas razões que levam qualquer motociclista a pensar e
repensar, se alguma vez vai entregar as chaves da sua paixão a alguém que não
conhece, e nem sequer é mecânico de motociclos qualificado.Se duvidas houvessem eis esta noticia do Publico de 19 de Outubro de 2018,
https://www.publico.pt/2018/10/19/sociedade/noticia/dez-inspectores-automoveis-detidos-corrupcao-falsificacao-1848219
No entanto continuamos a ver este tipo de noticia, e claro o Facebook tem sido o meio mais usado entre motociclistas e familiares a pedir ajuda para casos de identificação do culpado.
É nisso que os motociclistas querem ver a segurança aumentada, e ser definido por lei a possibilidade de utilização de cameras estilo GoPro para que possa ser uma mais valia para as autoridades apurarem responsabilidades, e que as mesmas possam ser usadas em tribunal.
Algo que é efectuado em Inglaterra em que caso exista no veiculo ou o motociclista use na altura de um acidente as autoridades imediatamente tomam posse e averiguam para determinar responsabilidades.
Afinal noticias assim é algo que ninguém quer ver ou fazer parte.
https://www.jn.pt/justica/interior/encontrado-condutor-que-abandonou-ferido-grave-apos-acidente-9988209.html
No entanto está
na mão de cada motociclista o caminho a seguir.
E cada um que tire as suas conclusões, se realmente as inspecções fazem falta, ou se não era melhor haver mais fiscalização por parte das autoridades.
A RideLikeWind agradece a todos os intervenientes que de alguma forma proporcionaram que esta reportagem fosse efectuada.
Thank you to all
Votos de Boas
Curvas para todos.
Paulo Baltazar
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