Ladies and Gent´s
Desta vez pela mão do Vitor Soares aos comandos da sua Yamaha FJR, leva-nos a descoberta da Beira Interior de Portugal.
Paisagens de encanto e com uma rara beleza que deslumbra qualquer motociclista.
Assim e com partida da Cidade Invicta eis que vamos a descoberta ...
Cronica
1º Dia
Manhã no Porto e desta vez, um fim de semana prolongado impunha uma viagem de dois dias, para saborear as
paisagens, à descoberta de locais que merecem uma visita atenta.
Uma particularidade é a busca de locais históricos, e estradas de reconhecida beleza paisagística.
Uma volta circular a espreitar as belezas … da Beira Interior !
Depósito atestado, bagagem nas malas laterais e sigaaaa !!
A aventura espera por nós…
Primeira paragem Pateira de Fermentelos / Miradouro da Espinheira
Nas imediações de Aveiro, podemos encontrar a maior lagoa natural da Península Ibérica.
Área
sensível e importante zona húmida da Rede Natura 2000, ali ocorrem habitats, ecossistemas e
espécies com estatuto de protecção nacional e internacional, como a lontra, a toupeira de água e a rã
ibérica, peixes como o sável e a savelha, e aves, como o maçarico, o milhafre-preto e muitos outros.
Um início de viagem com uma agradável surpresa, este espelho de água possui uma riqueza ímpar em
fauna e flora.
Depois de retomar a estrada, percorremos a N230 que liga a Aveiro à Covilhã…
Iremos reencontrá-la
mais adiante, já mais proximo da Serra da Estrela… ;)
É tempo de rumar ao Luso e seguir em direcção à Mata Nacional do Buçaco
Palácio Hotel do Buçaco considerado como o último legado dos reis de Portugal constitui-se num conjunto arquitectónico,
botânico e paisagístico único na Europa.
Onde está instalado atualmente o Palace Hotel do Buçaco:
um dos mais belos e históricos hotéis do mundo.
Os jardins, a mata, os seus miradouros e o calvário... muitas são as possibilidades para sentir a paz
que este local nos transmite.
Fica para uma posterior visita a deslocação ao Museu Militar da Batalha do Buçaco (ou Bussaco, de
acordo com a grafia antiga), foi uma batalha travada durante a Terceira Invasão Francesa, no decorrer
da Guerra Peninsular.
Uma curiosidade : Porta da Rainha
Esta Porta foi aberta em 1693 para a passagem da
Rainha de Inglaterra D. Catarina de Bragança, que
pretendia visitar o Bussaco por razões de fé.
Porque a visita não chegou a ter efeito foi a porta
entaipada e reaberta em 1704 quando passou pelo
Bussaco o Rei D. Pedro II.
Foi restaurada em 1876.
Ainda a respeito da Rainha, a impossibilidade da visita
acabou por ser abençoada pois tratar-se-ia da primeira
entrada de mulheres na Cerca Conventual.
Quis a
vontade divina, disse-se então, que tal não
acontecesse.
Como curiosidade acrescente-se que foi esta rainha Catarina, mulher do rei inglês Carlos II, que
introduziu no Reino Unido o uso do tabaco e do chá, o segundo que se veio a tornar depois num
hábito institucional da nação inglesa que se mantem até hoje.
A hora ia avançando e a pausa para café, acompanhado por uma nevada de Penacova ou um pastel
de Lorvão fariam a combinação perfeita com a panorâmica que temos sobre o Rio Mondego.
Pela EM508 seguimos para o Rio Alva, e atravessamos a Ponte das 3 entradas, usufruindo agora de uma zona de
curvas e paisagens nas encostas do monte colcurinho.
Diante de nós surge a aldeia “Natal”… Piódão…
Quer envolta numa aura mística de nevoeiro, quer
num dia de céu azul, conseguimos identificar a igreja branca num quadro de xisto proporcionado pelas
casa contíguas.
Um cenário ímpar.
Pelo CM 1134, apontamos a Loriga, ziguezagueando pelas encostas das serras.
Sendo que
encontramos nesta localidade uma ponte suspensa com uma bela panorâmica sobre a praia fluvial.
Um recanto bem escondido deste nosso Portugal.
Eis que surge a aldeia da Cabeça, situada no topo de uma elevação e onde podemos ver amplas
áreas de socalcos, com vista ao cultivo de terras que se afiguravam pouco adequadas a essa função.
Uma forma que permite o cultivo das terras, vencendo os desníveis e que origina um espectáculo
ímpar.
Era tempo de fazer uma pausa pois já acumulávamos uns quilómetros.
A bela localidade de Loriga
recebia-nos com um cheiro a lareira… maravilha !!
E também a sua bela praia fluvial com água
gélida…
De novo na estrada seguimos pela N231 e N230 atravessamos a localidade de Alvoco da serra com umas vistas serranas de cortar a respiração e
apontamos já a Unhais da Serra, no distrito de Castelo Branco, com um festival de curvas e a
vegetação que se torna densa e onde o cheiro a pinho predomina.
Cuidado com a caruma no chão…
mas sabe bem rolar em direcção ao vale de Tortosendo/Fundão.
Eis que ao longe vemos a Aldeia Histórica Monsanto que detém um encanto singular, que são
confirmados com os dois títulos atribuídos no séc. XX – Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, em 1938,
e o de Aldeia Histórica em 1995.
Ícone turístico da região, Monsanto é uma experiência peculiar para
quem a visita.
A parte mais antiga está no ponto mais alto, onde os Templários construíram uma cerca
com uma torre de menagem.
E sobre a guarda desses guardiões de outrora, pernoitamos.
2º dia *******************************************************************************
O dia amanheceu lindo e propiciou a descoberta do casario e os penedos característicos desta
localidade…
A tranquilidade do local estava em perfeita sintonia com o despertar…
D. Afonso Henriques conquistou Monsanto aos Mouros e em 1165 fez a sua doação à Ordem dos
Templários, que mandou edificar o Castelo de Monsanto. As vistas desde aqui são soberbas …
Na Nacional 239, rumamos em direção a Espanha para encontrar a uns escassos 11 kms, a aldeia do
municipio de Idanha-a-Nova onde podemos encontrar a Rota dos Fósseis !!
No centro da aldeia permanece o Pelourinho, datado do reinado de D. Sebastião.
Ao cimo da encosta, a Igreja Matriz de meados do século XX, mantém alguns elementos de uma
estrutura anterior, com especial destaque para a grande pia batismal que se encontra no adro.
Somos brindados com um acidente geográfico que nos tira o fôlego, muito mais ainda avistando desde
a igreja matriz… até uma convidativa piscina natural embeleza esta aridez rochosa:
Mais acima encontra-se o Castelo, de onde se pode apreciar uma paisagem inesquecível, com vista
privilegiada sobre o profundo recorte do vale do Ponsul, onde estão os moinhos de rodízios outrora o
maior conjunto de todo o concelho.
Descendo em direção ao rio, percorre-se a Rota dos Fósseis.
O Sr. Domingos foi o nosso cicerone e
mostrou-nos os vestigios das espécies que habitaram no local.
Ao longo do percurso encontram-se
inúmeros vestígios do que foi a vida neste lugar há 600 milhões de anos, uma das principais razões da
sua classificação e inclusão no Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, criado sob os auspícios
da UNESCO.
Por incrível que pareça, era hora de reconfortar o estômago no largo 25 de Abril, no restaurante
“A Cave”, um local de eleição para os gastrónomos e apreciadores de um bom tinto.
Classificado como Monumento Nacional, o Castelo ou Fortaleza de Penamacor, entendido como
toda a área amuralhada do antigo burgo medieval, foi um dos mais poderosos castelos,
integrando a linha de defesa da Beira.
Durante a Guerra da Restauração estabeleceu-se na Vila uma estrutura de apoio logístico
como hospital militar da Ordem de S. João de Deus a qual, mais tarde, viria a constituir-se como
primeiras instalações do quartel de Penamacor…
Respira-se a imponência da sua história.
De visita em Sortelha
Deixo a descrição patente no site das “Aldeias Históricas de Portugal” que me parece perfeita e
acrescento que é necessário estar lá e vos garanto que não se vão arrepender…
“Sortelha é uma das mais belas e antigas vilas portuguesas, tendo mantido a sua fisionomia urbana e
arquitetónica inalterada até aos nossos dias, sendo considerada uma das mais bem conservadas.
A
visita pelas ruas e vielas do aglomerado, enclausuradas por um anel defensivo e vigiadas por um
sobranceiro castelo do séc. XIII, possibilita ao forasteiro recuar aos séculos passados, por entre as
sepulturas medievais, junto ao pelourinho manuelino ou defronte igreja renascentista.”
Nota:
Dada a proximidade, não deixo de recomendar o desvio pelo Vale Glaciar de Manteigas e explorar o
Covão da Ametade com subida posterior à Torre.
Vale Glaciar de Manteigas
Covão da Ametade
E assim deixando o Parque Natural da Serra da Estrela e rumando a Cidade Invicta deixamos para trás paisagens e momentos que ficam na memoria tendo sido dias de encanto e de descoberta por um Portugal Interior.
Eis uma sugestão que fica para quem gosta de partir a descoberta.
THE END !!!
Texto e fotos: Vitor Soares
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